Todos os contos ficarão na página contos (provisoriamente) até que o site esteja pronto definitivamente. Onde a história ficará arquivada corretamente.
Espero que gostem e assim como gostaram da Nina e seus amigos, comecem a curtir essa outra galera.
NÃO DEIXE DE COMENTAR, sua opinião é muito importante.
Beijos no coração e ótimo final de semana!
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INSTITUTO
CONTO 1
VIRGÍNA DEMOLEY
Vitrey – França
27 de agosto de 1572
07:48 pm
Noite de São Bartolomeu
“Não permitirás que viva uma feiticeira.”
(Êxodo – Cap. XXII – Versículo XVIII)
Os segundos se arrastavam como bolas de canhão. As madeiras verdes queimavam lentamente prolongando o sofrimento enquanto Virgínia DeMoley tentava manter-se protegida da dor em seu inconsciente. Sentia o calor que começava em seus pés e a envolvia lentamente derretendo a sua pele branca e sensível. Ouvia o crepitar do fogo como se cantasse e dançasse em sua volta. Recusava-se a abrir os olhos, assim sua mente ficava intacta. O som abafado e falado em uníssono ecoava em sua mente: “Queime bruxa. Seu lugar é o inferno.” Esse era o prêmio por ter salvo a vida de uma criança, porém fez sua parte e faria de novo se fosse preciso. Seguia a grande Mãe e morreria seguindo-a.
O som das vozes deram lugar a gritos desesperados, fazendo com que despertasse do transe, mas não abrisse os olhos. Sentiu quando as cordas se afrouxaram e um vento gelado sussurrou em seu ouvido: “Santa inquisição! – disse sarcástica. - Acorde Virgínia, vamos sair daqui.”
Abriu os olhos deparando-se com uma mulher de aparência bem jovem, cabelos negros cacheados caindo sobre os ombros e costas como uma grande cascata negra, olhos vivos e lábios vermelhos, pele muito branca.
- Margot? – Balbuciou enquanto sentia seu corpo cair no colo rígido dela, dessa vez sentindo um alívio na alma.
- Você ficará bem, tente manter-se consciente. Logo estaremos em segurança. - ela disse com a voz melodiosa e sarcástica de sempre.
Margot apoiou a feiticeira, passando-a aos braços de seu fiel amigo Lefroy, enquanto os outros que ela trouxe assustavam os últimos camponeses que se aproximavam. Os guardas e os inquisidores estavam pelo chão, espalhados em poças rubras.
Ela quis explicar que ficar consciente era sentir a dor insuportável, as palavras morreram em sua garganta e logo não ouvia mais a voz dela. Era apenas Virgínia e os campos verdes de Toulousse, sua terra natal.
Quando voltou a ouvir a voz de sua salvadora estavam em um local seguro.
- Estamos seguras aqui, você ficará bem, mas terá que confiar em mim e fazer o que eu mandar.
- Sim. – Ouviu a própria voz como se fosse de outra pessoa.
- Seu estado é crítico, as queimaduras foram profundas, nenhuma poção será capaz de recuperar a carne e a pele que derreteram, algumas partes estão no osso, precisamos tomar medidas extremas para fazê-la sobreviver. – Explicou mordendo o pulso e colocando na boca da feiticeira.
Ela sorveu o líquido grosso e viscoso, era um gosto repulsivo, sabia que ela estava certa, apenas o sangue dela poderia fazer seu corpo se regenerar.
- Durma agora, quando acordar se sentirá melhor. – disse beijando-lhe a face.
Todo seu corpo adormeceu. Uma dor profunda parecia rasgar seu coração ao meio, depois fazendo-o acelerar, teve a impressão de que ele não fosse agüentar e explodisse, sabia como era a transformação e tentou se controlar. Ela respirou profundamente e novamente dormiu.
Margot Soussie com um pedaço de pano úmido ia tirando as peles mortas, enquanto a nova pele crescia no lugar.
Ela abriu os olhos sobressaltada, sentando-se na cama. Encheu os pulmões com ar, sentindo que seu corpo todo voltava a funcionar, mas em um ritmo acelerado, estava dividida entre a felicidade de estar viva e a fome incontrolável.
Margot sorriu majestosamente para ela. Mordeu novamente o pulso que já havia cicatrizado dando-lhe novamente para que ela tomasse de seu sangue. Em um gesto instintivo ela segurou o braço nos seus lábios saciando aquela sede e a fome que a dominavam. Era como se o sangue da salvadora tivesse vida em sua boca, e seu sangue parecia correr mais grosso e mais vivo em suas veias, em seu coração que disparava como o som de tambores em uma noite enluarada. Estava completamente sentindo o êxtase daquele momento.
Ela deixou o máximo que foi possível e depois delicadamente puxou o braço fazendo-a deitar novamente.
- Já é o suficiente, agora descanse. Depois levarei você para caçar e poderá beber mais, por enquanto, apenas tem que ficar forte para que consiga sair do estado em que estava. Sua aparência angelical já está de volta. – Ela sorriu olhando para ela que olhava agradecida.
- As queimaduras? – Perguntou sem coragem de se olhar.
- Foram embora como sua antiga vida.
- Você me transformou? – perguntou confusa.
- Era o único jeito de salvá-la.
- Obrigada. Eu acho. – Sorriu fechando os olhos.
- Não me agradeça Virgínia, não foi um ato de bondade, acredite. Sei que aqueles que salvam uma bruxa como você da morte tem um vínculo que durará pela eternidade. De hoje em diante você usará seus poderes para mim quando forem necessários e cuidará de mim através do seu contato com o mundo dos mortos.
Virgínia abriu os olhos novamente olhando para aquela figura diáfana ao seu lado e ao mesmo tempo cruel como sempre fora. Ela era um misto de mulher, anjo, demônio e moleque, tudo ao mesmo tempo. Um leve sorriso de satisfação brotou dos lábios vermelhos de Margot.
Virgínia ouviu o crepitar das chamas da lareira atrás do balcão despertando-a daquelas memórias perdidas no tempo da sua alma.
Olhou para o copo de absinto e pensou em tudo que acontecera em sua vida por tantos séculos vividos. O que Margot esperava foi bem diferente do que aconteceu. O vínculo que ligava as duas tornou-se inquebrável. As duas passaram a se cuidar mutuamente, como mãe e filha alternando-se as figuras devido as situações. Alguns dos poderes sobrenaturais de Virgínia cederam lugar a sua condição de imortal, sua velocidade, sua força. Outros se tornaram mais poderosos do que antes.
- Virgínia, temos que ir. – Ray colocou a mão sobre os ombros dela.
Olhou para trás e viu Ray, a nefilim*. Sua querida Margot a esperava no fundo do bar, junto com os outros do instituto.
*Nefilim – filha de um anjo com uma humana.
27 de agosto de 1572
07:48 pm
Noite de São Bartolomeu
“Não permitirás que viva uma feiticeira.”
(Êxodo – Cap. XXII – Versículo XVIII)
Os segundos se arrastavam como bolas de canhão. As madeiras verdes queimavam lentamente prolongando o sofrimento enquanto Virgínia DeMoley tentava manter-se protegida da dor em seu inconsciente. Sentia o calor que começava em seus pés e a envolvia lentamente derretendo a sua pele branca e sensível. Ouvia o crepitar do fogo como se cantasse e dançasse em sua volta. Recusava-se a abrir os olhos, assim sua mente ficava intacta. O som abafado e falado em uníssono ecoava em sua mente: “Queime bruxa. Seu lugar é o inferno.” Esse era o prêmio por ter salvo a vida de uma criança, porém fez sua parte e faria de novo se fosse preciso. Seguia a grande Mãe e morreria seguindo-a.
O som das vozes deram lugar a gritos desesperados, fazendo com que despertasse do transe, mas não abrisse os olhos. Sentiu quando as cordas se afrouxaram e um vento gelado sussurrou em seu ouvido: “Santa inquisição! – disse sarcástica. - Acorde Virgínia, vamos sair daqui.”
Abriu os olhos deparando-se com uma mulher de aparência bem jovem, cabelos negros cacheados caindo sobre os ombros e costas como uma grande cascata negra, olhos vivos e lábios vermelhos, pele muito branca.
- Margot? – Balbuciou enquanto sentia seu corpo cair no colo rígido dela, dessa vez sentindo um alívio na alma.
- Você ficará bem, tente manter-se consciente. Logo estaremos em segurança. - ela disse com a voz melodiosa e sarcástica de sempre.
Margot apoiou a feiticeira, passando-a aos braços de seu fiel amigo Lefroy, enquanto os outros que ela trouxe assustavam os últimos camponeses que se aproximavam. Os guardas e os inquisidores estavam pelo chão, espalhados em poças rubras.
Ela quis explicar que ficar consciente era sentir a dor insuportável, as palavras morreram em sua garganta e logo não ouvia mais a voz dela. Era apenas Virgínia e os campos verdes de Toulousse, sua terra natal.
Quando voltou a ouvir a voz de sua salvadora estavam em um local seguro.
- Estamos seguras aqui, você ficará bem, mas terá que confiar em mim e fazer o que eu mandar.
- Sim. – Ouviu a própria voz como se fosse de outra pessoa.
- Seu estado é crítico, as queimaduras foram profundas, nenhuma poção será capaz de recuperar a carne e a pele que derreteram, algumas partes estão no osso, precisamos tomar medidas extremas para fazê-la sobreviver. – Explicou mordendo o pulso e colocando na boca da feiticeira.
Ela sorveu o líquido grosso e viscoso, era um gosto repulsivo, sabia que ela estava certa, apenas o sangue dela poderia fazer seu corpo se regenerar.
- Durma agora, quando acordar se sentirá melhor. – disse beijando-lhe a face.
Todo seu corpo adormeceu. Uma dor profunda parecia rasgar seu coração ao meio, depois fazendo-o acelerar, teve a impressão de que ele não fosse agüentar e explodisse, sabia como era a transformação e tentou se controlar. Ela respirou profundamente e novamente dormiu.
Margot Soussie com um pedaço de pano úmido ia tirando as peles mortas, enquanto a nova pele crescia no lugar.
Ela abriu os olhos sobressaltada, sentando-se na cama. Encheu os pulmões com ar, sentindo que seu corpo todo voltava a funcionar, mas em um ritmo acelerado, estava dividida entre a felicidade de estar viva e a fome incontrolável.
Margot sorriu majestosamente para ela. Mordeu novamente o pulso que já havia cicatrizado dando-lhe novamente para que ela tomasse de seu sangue. Em um gesto instintivo ela segurou o braço nos seus lábios saciando aquela sede e a fome que a dominavam. Era como se o sangue da salvadora tivesse vida em sua boca, e seu sangue parecia correr mais grosso e mais vivo em suas veias, em seu coração que disparava como o som de tambores em uma noite enluarada. Estava completamente sentindo o êxtase daquele momento.
Ela deixou o máximo que foi possível e depois delicadamente puxou o braço fazendo-a deitar novamente.
- Já é o suficiente, agora descanse. Depois levarei você para caçar e poderá beber mais, por enquanto, apenas tem que ficar forte para que consiga sair do estado em que estava. Sua aparência angelical já está de volta. – Ela sorriu olhando para ela que olhava agradecida.
- As queimaduras? – Perguntou sem coragem de se olhar.
- Foram embora como sua antiga vida.
- Você me transformou? – perguntou confusa.
- Era o único jeito de salvá-la.
- Obrigada. Eu acho. – Sorriu fechando os olhos.
- Não me agradeça Virgínia, não foi um ato de bondade, acredite. Sei que aqueles que salvam uma bruxa como você da morte tem um vínculo que durará pela eternidade. De hoje em diante você usará seus poderes para mim quando forem necessários e cuidará de mim através do seu contato com o mundo dos mortos.
Virgínia abriu os olhos novamente olhando para aquela figura diáfana ao seu lado e ao mesmo tempo cruel como sempre fora. Ela era um misto de mulher, anjo, demônio e moleque, tudo ao mesmo tempo. Um leve sorriso de satisfação brotou dos lábios vermelhos de Margot.
Virgínia ouviu o crepitar das chamas da lareira atrás do balcão despertando-a daquelas memórias perdidas no tempo da sua alma.
Olhou para o copo de absinto e pensou em tudo que acontecera em sua vida por tantos séculos vividos. O que Margot esperava foi bem diferente do que aconteceu. O vínculo que ligava as duas tornou-se inquebrável. As duas passaram a se cuidar mutuamente, como mãe e filha alternando-se as figuras devido as situações. Alguns dos poderes sobrenaturais de Virgínia cederam lugar a sua condição de imortal, sua velocidade, sua força. Outros se tornaram mais poderosos do que antes.
- Virgínia, temos que ir. – Ray colocou a mão sobre os ombros dela.
Olhou para trás e viu Ray, a nefilim*. Sua querida Margot a esperava no fundo do bar, junto com os outros do instituto.
*Nefilim – filha de um anjo com uma humana.
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