segunda-feira, 7 de junho de 2010

ENCONTRANDO O MIGUEL

Estávamos eu e minha amiga na fila da boate mais chique e animada da cidade. Íamos nos encontrar com uns produtores que vieram representar os estúdios da Warner (sonhar nunca é demais), para fecharmos contrato para a produção do filme baseado no livro Anjos Caídos. A boate era no estilo da Disco e marcamos de nos encontrarmos lá para que conhecessem o local.

Logo meus olhos se deparam com uma figura conhecida, ou não, de dois rapazes encostados na parede conversando. O que aparentava ser mais velho olhou para mim e fez um leve aceno com a cabeça. Ele me lembrava completamente o Miguel.

Claro que não era, apenas lembrava. Cumprimentei e virei para o outro lado, afinal, não queria ficar encarando um desconhecido. Apesar do olhar dele pesar em mim. Sentia-o olhando.

Não se dando por satisfeito ele veio com tudo, esbarrando em mim.

- Desculpe - Falou sorridente e charmosamente.

- Não foi nada. Tome mais cuidado da próxima vez. - Alertei.

- Eu não acho que essa boate pareça a Disco, embora você acredite nisso. E eu me chamo Miguel, caso queira saber, e sim, eles estão lá dentro esperando. Não se preocupe, eles estão se divertindo. - Falou de uma vez próximo ao meu ouvido.

Isso de repente aguçou minha curiosidade de escritora. Quem seria aquele doido? Um fã? Um médium ou realmente o Miguel? O Arcanjo?

- Venha conversar um pouco, depois você entra, preciso falar umas coisas para você. - Falou me puxando pelo braço fazendo-nos sair da fila.

- Não estou realmente entendendo onde quer chegar. Quem é você afinal? - Perguntei enquanto éramos seguidos por minha amiga e o amigo dele.

- Já falei quem eu sou. Você é tão inteligente, ainda não entendeu?

- Não posso conversar agora, tenho um compromisso.

- Que tal um cinema amanhã? Sei que adora filmes. - Insistiu.

- Não.

- Podemos pegar alguns filmes, pipoca e tudo mais. Vampiros, anjos, o que quiser. O Pedro está de folga, mas a Divina faz quitutes maravilhosos.

- Acho que agora você realmente passou dos limites. Está achando que vou cair nessa conversa? É uma pegadinha ou o quê?

- É sério. Por que você não acredita? Você acha que sou sua criação. Mas eu existo de verdade.

- Claro que existe.

Ele sorriu enquanto eu ficava mais impaciente, confusa e nervosa.

- Se você é o meu Miguel então porque não me deixa fechar meu contrato em paz? - Falei irritada.

- Prometa que me encontrará quando terminar com os figurões. Estarei aqui fora. Pode me procurar também na construtora ou na mansão. Ahh sou dono da boate, a propósito.

Eu olhei bem nos olhos dele. Ele parecia sim real e aquilo além de me intrigar era revoltante.

- Está bem seu maluco. Quando eu sair conversamos. Agora tenho que ir. Passe bem. Com licença. - Falei tirando meu braço da mão dele que ainda segurava, voltamos à fila. Porém, os seguranças nos chamaram e entramos. Comecei a achar que o lunático falara a verdade.

Olhei para trás e não havia ninguém. Minha amiga olhou também e sorriu:

- Você não acreditou, seu anjo voou. - Sorriu sarcástica.

- Acho que preciso de um refrigerante bem gelado... - Falei entrando pela porta semi-aberta.

- Eu falei que era perda de tempo, ela jamais vai acreditar que você existe. - Gabriel sorriu satisfeito.

- Você tem que me ajudar. -

- Irônico, e você achou mesmo que ela iria cair nessa? Você precisa ver sua conversa, parecia um fã obsessivo, maluco, só faltou a arma.

- De que adiantou ter aparecido?

- Sinceramente de nada. Se quer ajudá-la melhor mudar a tática. Deixe-a teminar os próximos livros. E apareça como um homem normal.

- É só me resta esperar. Mas ela sofre com o coração solitário. - Falou angustiado.

- Tudo há seu tempo.

- Vamos, temos trabalho a fazer.

- Trabalho, sempre trabalho... - Gabriel queixou-se. - Pensei que me mandaria para dentro da boate para convencê-la. - Sorriu sarcástico.

- Não é uma má idéia. - Miguel falou coçando o queixo.

- Ahh Miguel, prefiro matar alguns vampiros a convencê-la que existimos. Vamos nessa.

Desapareceram em duas bolas de luz.


i3



Nem sempre aquilo que parece improvável é impossível.






Espero que gostem do conto. Enquanto o próximo livro não sai, para matar um pouquinho a saudade...

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